sexta-feira, 21 de junho de 2013

Neonazistas atacam partidos de esquerda e movimentos sociais

O PSTU e outros partidos de esquerda, além de entidades e movimentos sociais, como sindicatos e organizações de Direitos Humanos, estão sendo alvos de violentos ataques planejados e executados por grupos de orientação nazi-fascistas. Na onda de protestos que tomou o país nesse dia 20 de junho, diversos militantes ficaram feridos, alguns tiveram que ser hospitalizados.
Um dos ataques maios violentos ocorreu no Rio de Janeiro, quando um bando encapuzado, alguns deles de grande porte físico com as cabeças raspadas, investiu contra a coluna formada por partidos e organizações sociais. Os militantes tentaram formar um cordão humano para se defender das agressões, mas o grupo, em grande número, atacou com bombas, pedras e paus. Alguns veículos de comunicação, contudo, mostraram imagens do cordão de isolamento como se fosse o início das agressões, quando na verdade era o seu oposto, uma tentativa de defesa. As agressões não partiram dos militantes das organizações de esquerda ou movimentos sociais. Ao contrário, foram vítimas desse violento ataque orquestrado que deixou pelo menos 13 militantes feridos.
Ação semelhante ocorreu em São Paulo, onde um grupo, com muitos membros ostentando símbolos nazistas, atacou os partidos de esquerda e entidades sindicais na Avenida Paulista. Estranhamente, atacaram com armamento tradicionalmente utilizado pela polícia, como bombas de efeito moral, spray de pimenta e armas de choque.
Em Natal, o dirigente do PSTU e candidato a prefeito pelo PSTU nas eleições de 2012, Dario Barbosa foi agredido com uma garrafa no queixo, levando cinco pontos. Agressões do tipo se repetiram em diversas partes do país.
Esses ataques são invariavelmente acompanhados por ameaças desses grupos organizados através das redes sociais. No Rio de Janeiro, um grupo neonazista denominado "Combat 18" já havia postado cartazes com ameaças nas proximidades das sedes do PSTU e PCB.
"Existe um justo sentimento anti-partido devido ao desgaste dos partidos tradicionais e à decepção com o PT no governo, e isso tem sido utilizado pela direita e a ultradireita, como grupos neonazistas para atacar a esquerda e os movimentos sociais. Nada justifica agressões ou coação para que não levantemos nossas bandeiras", afirma José Maria de Almeida, presidente nacional do PSTU. "Lutamos contra a ditadura justamente para que todos tenhamos liberdade de expressão e de organização", reforça o dirigente que foi preso e torturado pela Ditadura Militar em 1977.

PSTU NACIONAL

segunda-feira, 17 de junho de 2013

O LUGAR DA PERIFERIA NA NOVA CONJUNTURA POLÍTICA QUE SE ABRE NO PAÍS

As consequências são ainda imensuráveis. O sudeste do país em convulsão social, os trabalhadores e a juventude aos milhares dão as mãos nas ruas. O aumento das passagens de ônibus foi apenas o estopim que fez explodir o tampão que comprimia as lutas socais em nosso país há mais ou menos duas décadas. 

Não tenho os dados, mas arriscaria dizer que esse processo em seu final terá como resultado não somente a redução do preço das passagens de ônibus, mas a diminuição dos conflitos intraperiféricos, o arrefecimento da guerra interna entre a juventude das periferias dos grandes centros urbanos. Toda a energia outrora descarregada em uma guerra autofágica ganha vazão nas ruas, na multidão pacifica, mas enfurecida contra o Estado-classe e isso pode se espalhar por todo o país.
A burguesia ver sua força espiritual questionada em multidões. Um dos seus principais materiais ideológicos, sua mídia comercial, está tendo sua autoridade moral abalada. E agora como defender a repressão se os seus jornalistas também estão na mira do “fogo amigo” do braço de ferro que tanto defendem? Jornalistas reacionários como Luiz Datena e Arnaldo Jabor esgotaram seus repertórios criminalizadores. O último teve que fazer autocrítica pública por ter afirmado que os atos de São Paulo eram coisas de jovens de classe média da USP.
A juventude periferia sai do noticiário policial para entrar no noticiário político, ainda que enfrentando a mesma polícia que os reprimem cotidianamente, já que os direitos humanos não entram nessas localidades. Aliás, onde o PT diz que existe uma classe média emergente, há na verdade o aprofundamento da barbárie capitalista e nela a juventude negra é esvaziada da condição de ser humano. Em Alagoas a possibilidade de um jovem negro ser assassinado é mil vezes maior do que um jovem branco. A função do mito da democracia racial é invisibilizar esse etnocídio. Mas, tal como no Brasil colonial, a humanidade desses jovens é resgatada na rebelião contra o sistema que os colocou nessa situação limite. De bandidos de alta periculosidade viraram baderneiros. Já é algum avanço.
A classe média que não pega ônibus se solidariza com a luta. Trabalhadores formais e informais se veem simplesmente como trabalhadores. O universo letrado e o plebeu das grandes metrópoles estabelecem entre si uma relação de confiança. É dessa solidariedade que a periferia precisa, aquela forjada na luta e não no assistencialismo do Terceiro Setor que educa o povo a não lutar. Nessas lutas, a periferia pode aprender que transformar o lixo da burguesia em luxo é ilusório, socializar o luxo é mais que necessário. 
O inimigo de classe está ficando mais visível, já não precisamos de lupa para enxergá-los. Não tenho dúvidas que novas lideranças, novas canções e novas consciências serão forjadas nessas lutas. Sinto que uma nova situação política pode nascer na periferia, desde que haja intervenção qualificada para isso. As condições estão dadas para que a periferia possa definitivamente encontrar o seu lugar, o da luta política pela superação do capitalismo.
Hertz Dias, professor, milintante do PSTU e CSP-CONLUTAS

segunda-feira, 3 de junho de 2013

CONVITE: LANÇAMENTO DE LIVRO E DEBATE SOBRE OS 10 ANOS DO PT NO GOVERNO FEDERAL

O PSTU convida todos os militantes de esquerda de Imperatriz, em especial da UEMA e da UFMA para participarem do lançamento do livro “PT: de oposição à sustentação da ordem”, de Cyro Garcia*, na ocasião será montada uma mesa composta pelo PSTU, PSOL e PCB de Imperatriz e aberto à plenária.
O evento faz parte dos ciclos de debates que o PSTU vem realizando em todo o Brasil sobre os 10 anos do PT no governo federal com a pergunta: para quem esta estrela brilhou?
-----

Metalúrgicos, trabalhadores rurais e movimentos sociais, principalmente os vinculados à igreja católica, que ajudaram a construir, até 2002, a história do Partido dos Trabalhadores, devem estar se perguntando: e agora, como vamos vencer o “patrão” que colocamos para nos explorar?

O PT de hoje não tem nenhum resquício do PT dos anos 80, que arregimentava operários e militantes para defender um projeto de poder dos trabalhadores. E ao longo de mais de três décadas, ainda não completou seu processo de metamorfose, superando um dos piores medos dos verdadeiros revolucionários que era o de se tornarem um partido reformista, transformou-se num partido da ordem burguesa.

Muitos estágios dessa metamorfose estão relatados no livro: PT: de oposição à sustentação da ordem, escrito por Cyro Garcia*. Tudo começa quando os dirigentes do partido deixam de lutar pela transformação social para se dedicar à garantia de riqueza e seus benefícios – prestigio e poder – e, se finda na manutenção desse poderio econômico através de um pacto com a burguesia, onde seu papel é controlar o sentimento de luta dos trabalhadores que ainda os vêem como aliado, em troca de pequenas concessões, enquanto mantém a gerência do capital para a grande burguesia.


“Ensina uma boa escola historiográfica que para explicar o passado e, em especial, para elaborar uma história das idéias políticas dos partidos nas sociedades contemporâneas, é bom admitir que as cabeças acompanhem o chão que os pés pisam. E a direção do PT deixou de pisar nas portas de fábrica, e passou a pisar os tapetes dos parlamentos e dos palácios.” (Cyro Garcia: "PT: de oposição à sustentação da ordem", pág. 21. Editora Achiamé, 2011) Essa afirmação é comprovada na mudança do perfil dos militantes que passaram a ser maioria esmagadora nas instâncias de deliberação e direção do partido ao longo de seus congressos e encontros.Essas mudanças do perfil econômico das direções do partido vieram através da conquistas eleitorais (prefeituras, governos estaduais e presidência), participação em direção de empresas Estatais e Mistas (Banco do Brasil), conselhos administrativos de fundos de pensão (Caixa de Previdência dos funcionários do Banco do Brasil), do FAT e do FGTS. Não foi por coincidência a participação do partido nessas áreas de capital financeiro, cujo dinheiro foi usado também na compra de ações de empresas privatizadas por FHC como a VALE em 1997. O trabalho de Cyro Garcia explica em detalhes melhor essa relação promiscua.

"Admito, é bem melhor ter dinheiro em caixa e não precisar submeter militantes a jornadas heroicas noite adentro. Mas a que preço" Frei Beto. A mosca azul: reflexões sobre o poder. Rio de Janeiro: Rucco, 2006.

fonte: Texto publicado originalmente no blog do Wilson Leite

----
*Cyro Garcia formado em Direito (UFRJ), doutorado em História (UFF), fundador do PT e da CUT, Ex-deputado federal (PT). Participou em 1994 da fundação do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), integrando-lhe até os dias hoje. Em 2003 rompeu com a CUT e participou da fundação da Conlutas, atualmente CSP-Conlutas – Central Sindical e Popular.