quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Operários intelectuais

A burguesia tem muito medo dos operários rebeldes, corajosos e honestos. Mas ela tem mais medo ainda dos operários que, além de tudo isso, possuem conhecimento. Os operários que sabem são mais perigosos porque podem convencer seus colegas, porque são seguros de si e confiam em suas próprias ideias. Um operário pode inspirar seus companheiros através do exemplo. Mas aquele que, além do exemplo pessoal, oferece argumentos, números e conceitos alcança muito mais.

O eletricista desleixado sabe passar a fiação obedecendo ao esquema elétrico. Mas só sabe isso. E nem quer saber mais. Já o eletricista dedicado sabe melhorar o esquema original e até criar o seu próprio esquema. Ele resolve problemas, supera obstáculos. Ele sabe que, por trás daquele amontoado de linhas, há uma massa de conhecimentos. E ele os domina, esse é o seu orgulho. Com o socialismo, acontece o mesmo. A luta pelo socialismo é um ofício (e dos mais difíceis!) que exige conhecimento e preparação. Por trás de uma simples greve, há uma infinidade de conhecimentos históricos, políticos e econômicos que somente um profissional preparado é capaz de dominar. Mas todo operário pode ser esse profissional. Nenhum operário tem a obrigação de dominar todos os conhecimentos acumulados pelo socialismo científico desde o século 19 até hoje. Da mesma forma, nenhum eletricista tem a obrigação de saber absolutamente tudo sobre elétrica. Mas tanto o eletricista quanto o operário socialista, se quiserem executar bem as suas tarefas, têm de se preparar, ler, estudar.

Assim, todo operário consciente deve se esforçar para se tornar um intelectual de sua própria classe, da classe trabalhadora. O intelectual operário não é aquele que sabe tudo, mas aquele que luta permanentemente para aumentar sua própria cultura e a de seus colegas. É todo aquele que aprende, ensina, pergunta e nunca se cansa de querer saber.

O primeiro passo

Os operários socialistas lutam para transmitir aos outros operários uma nova visão de mundo e de futuro. Nessa luta, o livro socialista é a primeira arma que o operário empunha. Daí nosso chamado: Continuem nas greves, nas lutas e nos piquetes! Mas dediquem uma parte de seu tempo ao estudo, ao seu próprio aperfeiçoamento. Organizem grupos de leitura! Cursos! Palestras! Abordem os companheiros mais velhos e peçam que lhes expliquem cada palavra, cada conceito, os fatos e personagens de cada revolução, a história de sua própria classe. E se ninguém souber, que estudem todos juntos!

É preciso um compromisso: todo operário ou operária que aprenda algum novo conceito ou algum fato histórico deve repassá-lo adiante: na fábrica, no canteiro de obras e dentro do partido. Todos devem aprender com todos. É preciso que cada um abra em si e no outro o apetite pelo saber.

Aqueles que têm dificuldade com a leitura devem começar justamente por aí: por superar essa dificuldade. Se necessário, retornar à carteira escolar. Nunca será tarde.

Ao final, teremos os melhores ativistas de nossa classe transformados em socialistas sólidos como rocha, em revolucionários profissionais, em autênticos marxistas. Será uma longa caminhada. E como toda longa caminhada, começa com um primeiro passo: abrir um livro. 

Texto extraído do Jornal Opinião Socialista edição nº 487 , página 15

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Uma Carta à Juventude

Um partido revolucionário deve necessariamente basear-se na juventude. Inclusive, podemos dizer que o caráter revolucionário de um partido pode ser julgado pela sua capacidade de atrair para suas bandeiras a juventude da classe operária.

O atributo básico da juventude socialista e tenho em mente a juventude genuína e não os velhos de 20 anos reside na disposição de entregar-se total e completamente à causa da socialista. Sem sacrifícios heroicos, valor, decisão a história em geral não se move para frente. Porém o sacrifício somente não é o suficiente. É necessário ter uma clara compreensão do curso dos acontecimentos e dos métodos apropriados para a ação. Isso somente pode ser obtido por meio da teoria e da experiência vivida.

O mais contagiante entusiasmo rapidamente esfria-se ou evapora se não encontra uma clara compreensão das leis do desenvolvimento histórico. Frequentemente, observamos como os jovens entusiastas, ao dar uma cabeçada na parede convertem-se em sábios oportunistas; como ultraesquerdistas desenganados passam em curto tempo a ser burocratas conservadores, assim como pessoas fora da lei se corrigem e se convertem em excelentes policiais. Adquirir conhecimento e experiência e ao mesmo tempo não dissipar o espírito lutador, o autossacrifício revolucionário e a disposição de ir até o final, esta é a tarefa da educação e da autoeducação da juventude revolucionária

LEON TROTISKY, 1938

sábado, 4 de outubro de 2014

RESPOSTA DO PSTU AS CALÚNIAS DO CANDIDATO HOROLDO SABÓIA E COMPANHIA CONTRA NOSSO PARTIDO

Já faz alguns meses, desde que iniciou as disputas eleitorais, que militantes do PSOL do Maranhão vêm caluniando nossa organização nas redes sociais. No primeiro momento relutamos em responder por que consideramos de baixo nível e completamente alheia aos métodos que a esquerda revolucionária costuma utilizar para debater suas diferenças. Porém, nos últimos dias essas calunias se intensificaram obrigando-nos a responder.

Antes, porém, queremos pedir desculpas a todos os militantes honestos e revolucionários desse partido que não coadunam com esse tipo de prática. Por outro lado, vamos tentar não rebaixar o debate ao nível dos ataques infantis dos nossos caluniadores. 

Os ataques do PSOL são tão desonestos que não há qualquer nota assinada por sua direção ou por qualquer uma de suas correntes internas. O debate se faz com postagens irresponsáveis de militantes que entram nas redes sociais como se estivessem entrando em um baile de máscaras. Os militantes revolucionários devem, antes de tudo, dizer de onde falam, pra quem falam e porque falam. É tradição entre as organizações de esquerda gastar salivas falando a verdade de frente e com clareza e não cuspindo calunias nas costas dos adversários do mesmo campo político.

Para atacar nossa organização os caluniadores atacam o camarada Marcos Silva, candidato ao senado pelo PSTU. Dizem que Marcos Silva agride e burla a Lei Maria da Penha, que protege machista, etc. Até agora não falaram de que forma o companheiro burla a Lei Maria da Penha e nem muito menos quem é o machista protegido.
Nosso método em relação às opressões é outro. Recentemente uma jovem negra militante do nosso partido foi vitima de racismo, que é uma opressão tão grave quanto o machismo, e nós vamos tornar isso público. Vamos dizer como aconteceu, onde e o nome do agressor. No caso de Marcos Silva, se existe a pessoa prejudicada é bom que se diga quem é. 
Nosso partido tem direção, assim como a do PSOL, e nenhuma conversa foi-nos proposto ou qualquer documento formal do PSOL chegou até nossas mãos a cerca desse assunto. O método que esses companheiros escolheram se iguala aos da burguesia, que ataca os partidos de nossa classe escondendo os seus. Já que verdade não é colocada claramente, resta-nos fazer algumas conjecturas.

Quando os caluniadores dizem que protegemos machistas provavelmente estão se referindo a um militante do próprio PSOL, que conforme insinuam nas redes sociais, teria agredido sua ex-namorada que também é militante do PSOL. Esse companheiro foi convidado pelo movimento “Luta Popular” para participar de um debate. Dias depois, postagens e mais postagens de militantes do PSOL choveram nas redes sociais nos acusando de proteger machista. É cômico, senão trágico, saber que os dois são militantes do PSOL, e não do PSTU, que os nomes dos mesmos seguem preservadíssimos, que nada foi publicado sobre isso, e somos nós do PSTU que protegemos machistas. Ora, quem deve se posicionar publicamente a cerca desse acontecimento é a direção do PSOL. Se o caso ocorreu e se foi apurado, porque não puniram o agressor, por que não procuraram nossa direção para comunicar o ocorrido, onde está o documento acerca desse caso. Agora, se o PSOL não teve competência para resolver a questão interna, solicitamos que os movimentos organizados o façam, para além da justiça burguesa. Da mesma forma que exigimos publicamente que o PSOL não jogue suas crises nas costas de nossa organização, nem muito menos tente nos utilizar como sua palmatória política.

Somos um partido que assume publicamente que as opressões se reproduzem para além da sociedade burguesas, mas também no interior de nossas organizações de esquerda. Nenhum militante, por mais revolucionário que seja, está livre desse tipo de mazela que a burguesia utiliza para melhor explorar e dividir nossa classe.

 Para nós todo homem em menor ou maior grau reproduz o machismo. E é por isso mesmo que educamos nossos militantes em outra perspectiva e os sancionamos quando necessário. Porém, não aceitamos que uma questão tão cara para nossas mulheres sejam transformadas em especulação ou usadas para caluniar militantes. Esse método desqualificado e pequeno-burguês de tratar a questão das opressões é um desserviço à luta dos oprimidos. Para além de discurso, nosso partido tem se dedicado a organizar a luta dos setores oprimidos de nossa classe. Ajudamos a construir o maior encontro de Mulheres e de Negros Socialistas dos últimos 20 anos em nosso país, via CSP Conlutas. Também foi pela CSP Conlutas que construímos um encontro de LGBT com mais de quinhentos participantes. Temos clareza de que a revolução socialista brasileira passará necessariamente pelas mãos desses setores oprimidos de nossa classe.

O vale tudo das eleições burguesas por trás dos ataques do PSOL a nossa organização

A maioria das calunias descabidas contra nosso partido parte de Haroldo Sabóia, político tradicional e ciclotímico que já passou pelo PMDB, PDT, PT, PPS e agora aterrissou no PSOL. Desde que as pesquisas dos institutos ligados a grande mídia mostram Marcos Silva colocado na frente desse político, o mesmo começo a entrar em um frenético desespero e, juntamente com sua esposa, começaram a enlamear o companheiro Marcos Silva, conforme mostramos acima. Obviamente que obter mais votos do que o PSOL numa eleição burguesa é uma grande vitória para nossa organização, já que não atuamos nesse processo da mesma forma como faz o PSOL. No entanto, para nós o mais importante é sair deste processo com nosso partido mais fortalecido e com a classe trabalhadora mais consciente de sua missão histórica que é a construção da revolução. Por isso que durante as jornadas de junho insistimos em manter nossas bandeiras erguidas e nossa militância nas ruas, diferente do PSOL que capitulou a pressão da grande mídia, dos partidos burgueses e do sentimento pequeno burguês.

As eleições para nossa organização é apenas ponto de apoio para fortalecer a luta da nossa classe. Nossos parlamentares, a professora Amanda Gurgel que foi a candidata proporcionalmente mais bem votada do país, vive com salário de professora, bem com o operário Kleber Rabelo. Somos radicalmente contrários a profissionalização da política. Por isso participamos deste processo com muita tranquilidade. Mais do que eleger parlamentares, dedicamos nossas vidas a construção da revolução, mais do que discursar nos púlpitos dos parlamentos burgueses, nós queremos falar para nossa classe nas greves. Para nós, o “vale tudo” das eleições burguesas deve ser jogado no lixo da história, não colocamos nosso partido em risco em meio a essa coreografia eleitoral. Pela revolução sim, somos capazes de entregar nossas vidas.

Aqueles que destilam veneno contra nossa organização não aparecem nos espaços construídos pelos movimentos sociais para fomentar o debate entre os lutadores. Não apareceram no debate sobre opressão racial organizado pelos movimentos Quilombo Raça e Classe, Quilombo Urbano realizado na ultima quarta-feira, 29 de setembro com os candidatos da esquerda socialista. Apenas o candidato Antônio Pedrosa e o professor Joseilton estiveram presentes, e com esses tratamos das nossas diferenças de maneira direta, sincera e fraterna, olhando olho no olho. É assim que fazemos.

Mesmo onde não foi possível construir a frente de esquerda com o PSOL não deixamos nossas diferenças de lado. Onde o PSOL aceitou financiamento de empresas, se aliou ao DEM e ao PSDB e lançaram candidatos sionistas, nós denunciamos duramente, mas fizemos em nota pública do nosso partido e não jogando indireta nas redes sociais para confundir a militância de esquerda e permitir que abutres pequenos que vivem parasitando nosso partido, igualmente nos caluniem.

Marcos Silva é um militante histórico do nosso partido e da esquerda do Maranhão, muitas vezes caluniado pela oligarquia que teve que engolir cada uma das suas desgraçadas invenções. Infelizmente a história se repete desgraçadamente, agora vindo da própria esquerda, e o que é pior, em meio a uma disputa que não é campo da nossa classe, as eleições burguesas. Não vamos aceitar que uma vida dedicada a luta pelo socialismo, seja manchada com calúnias proveniente de quem faz política com os olhos grudados nas urnas. 


Por fim, comunicamos que, infelizmente, vamos acionar a justiça burguesa para que todas as calúnias feitas contra Marco Silva sejam provadas uma a uma e exigimos que a direção do PSOL se posicione publicamente a esse respeito.

Direção Regional do PSTU