terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Nota do PSTU Maranhão sobre Conjuntura Estadual

A derrota da Oligarquia Sarney nas últimas eleições é uma conquista dos trabalhadores, que contribuíram diretamente, durante todo este período, para que ela acontecesse. Viramos uma página de quase 50 anos da última oligarquia do país que condenou milhares de maranhenses à fome, à miséria, à humilhação e às piores colocações em todos os indicadores socioeconômicos.

Por isso repudiamos de forma inconteste a Oposição de direita sarneysta que não aceita perder o controle da máquina administrativa. A partir da permanência do controle de vários veículos de comunicação e por dentro das estruturas do Estado este grupo buscará retomar sua influência.

Os trabalhadores não devem aceitar mais nenhum retrocesso em suas liberdades e precisam exigir que os crimes da Oligarquia sejam apurados e punidos com rigor, substituindo suas “homenagens” em prédios e logradouros públicos e levando à prisão e ao confisco dos bens de todos os corruptos e corruptores.

A esperança de melhoria nas condições de vida criou grandes expectativas de mudanças. Os anseios da população maranhense por água e esgotos tratados, segurança, escolas com estrutura adequada, saúde de qualidade, emprego e salários dignos não podem ser tratados com descaso e demagogia.

É hora dos trabalhadores, agora livres da tirania, exigir do novo governo o atendimento de suas reivindicações históricas. Reforma agrária, concurso público e condições dignas de trabalho para todas as carreiras administrativas do Estado, moradia digna, respeito às populações indígenas e quilombolas, proteção à mulher e às crianças.

Como primeiro passo, exigimos a revogação do decreto do ex-governador Arnaldo Melo, publicado no Diário Oficial do último dia do ano, que irresponsavelmente, autoriza desapropriação das terras da comunidade Cajueiro, onde moradores vivem a quase um século e trabalham na pesca e agricultura, em favor da WPR Gestão de Portos e Terminais Ltda, com o objetivo de criar de um porto privado na ilha de São Luís..

Nós do PSTU nos manteremos vigilantes e na oposição de esquerda classista ao governo Flávio Dino, pois é um governo que possui uma base de partidos de direita, como o PSDB, de setores que romperam, mas que se beneficiaram com sarneysmo e temos diferenças profundas com o Partido Comunista do Brasil (PC do B). Um governo que já demonstra suas contradições ao criar uma Secretaria de Agricultura familiar e, ao mesmo tempo, escolher como Secretário de Agricultura e Presidente do ITERMA representantes do agronegócio e do latifúndio que tanto se beneficiaram com os 50 anos de desmando da oligarquia.

Somos um Partido Socialista que acredita que somente a luta independente dos trabalhadores será capaz de libertar a humanidade do jugo da exploração e da humilhação gerados pelo capitalismo.


Somos socialistas e acreditamos que o capitalismo em sua fase atual não é capaz de proporcionar a todos condições de vida plenas. Desta forma, reforçamos o chamado aos trabalhadores e suas organizações à mobilização. Só a luta muda a vida!





FONTE: PSTU MA

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O Aniversário do Leon Trotsky é de 7 Novembro 1879.

É uma dessas coincidências que o dia 25 de outubro no calendário juliano correspondesse ao dia 7 de novembro no gregoriano.

Então, dada a ocasião, vão aí embaixo algumas linhas sobre o tema da revolução como um dos métodos de transformação histórica. evidentemente há outros dois.

O das reformas preventivas para evitar revoluções, e o das guerras.

A citação é de Trotsky quando da I Guerra Mundial. Em seguida um comentário meu.

“La guerra es el método por el cual el capitalismo, en la cumbre de su desarrollo, busca la solución de sus insalvables contradicciones. A este método, el proletariado debe oponerle su propio método: el de la revolución social” (León Trotsky, La guerra y la Internacional).

Revolução e contrarrevolução são fenômenos inseparáveis na história contemporânea. Não houve processo revolucionário que não tenha enfrentado a resistência contrarrevolucionária. Indivisíveis, porque os contrários se explicam. As forças interessadas na permanência da ordem estão em luta, permanentemente, com os impulsos de mudança, porque têm interesses a preservar. O século XX, época do apogeu e, hegelianamente, da decadência do capitalismo não foi imune a crises, mas as forças de inércia não foram menos poderosas. 

Transformações aconteceram porque eram necessárias, mas não quando foram necessárias. “Revoluções são impossíveis, até que são inadiáveis”, cunhou Trotsky. A historiografia de inspiração liberal admite a relação, mas invertida, para concluir que as mudanças viriam, de qualquer forma, de maneira lenta e gradual e, possivelmente, mais indolor, não fossem os terremotos revolucionários, responsáveis pelas tempestades contrarrevolucionárias.

As revoluções não acontecem, porém, porque algumas sociedades têm pressa. Revoluções são provocadas porque há crises. As sociedades podem recorrer ao método da revolução ou ao método das reformas para resolver as suas crises. Em algumas etapas históricas – como no final do XIX, na Europa Ocidental, e nos trinta anos posteriores à Segunda Guerra Mundial, na Tríade dos países centrais - as transformações foram possíveis através do jogo de pressões e negociações sociais e políticas. Foi o terrível atraso das mudanças que não vieram por reformas, essa esperança suspensa no tempo, que fermentaram as condições das revoluções na modernidade. Quando uma sociedade descobre que os antagonismos econômicos, sociais e políticos se exacerbaram até o limite do que a ordem pode suportar, se abrem, grosso modo, dois caminhos. Das duas, uma: ou a transformação assume a forma de reformas preventivas, o que exige negociações políticas, concessões econômicas e compromissos sociais, ou as lutas de classes se agudizam em um tal grau de intensidade que a vaga de choque da revolução é inescapável."

Texto do professor e camarada Valério Arcary. (copiado de seu perfil no facebook)

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Operários intelectuais

A burguesia tem muito medo dos operários rebeldes, corajosos e honestos. Mas ela tem mais medo ainda dos operários que, além de tudo isso, possuem conhecimento. Os operários que sabem são mais perigosos porque podem convencer seus colegas, porque são seguros de si e confiam em suas próprias ideias. Um operário pode inspirar seus companheiros através do exemplo. Mas aquele que, além do exemplo pessoal, oferece argumentos, números e conceitos alcança muito mais.

O eletricista desleixado sabe passar a fiação obedecendo ao esquema elétrico. Mas só sabe isso. E nem quer saber mais. Já o eletricista dedicado sabe melhorar o esquema original e até criar o seu próprio esquema. Ele resolve problemas, supera obstáculos. Ele sabe que, por trás daquele amontoado de linhas, há uma massa de conhecimentos. E ele os domina, esse é o seu orgulho. Com o socialismo, acontece o mesmo. A luta pelo socialismo é um ofício (e dos mais difíceis!) que exige conhecimento e preparação. Por trás de uma simples greve, há uma infinidade de conhecimentos históricos, políticos e econômicos que somente um profissional preparado é capaz de dominar. Mas todo operário pode ser esse profissional. Nenhum operário tem a obrigação de dominar todos os conhecimentos acumulados pelo socialismo científico desde o século 19 até hoje. Da mesma forma, nenhum eletricista tem a obrigação de saber absolutamente tudo sobre elétrica. Mas tanto o eletricista quanto o operário socialista, se quiserem executar bem as suas tarefas, têm de se preparar, ler, estudar.

Assim, todo operário consciente deve se esforçar para se tornar um intelectual de sua própria classe, da classe trabalhadora. O intelectual operário não é aquele que sabe tudo, mas aquele que luta permanentemente para aumentar sua própria cultura e a de seus colegas. É todo aquele que aprende, ensina, pergunta e nunca se cansa de querer saber.

O primeiro passo

Os operários socialistas lutam para transmitir aos outros operários uma nova visão de mundo e de futuro. Nessa luta, o livro socialista é a primeira arma que o operário empunha. Daí nosso chamado: Continuem nas greves, nas lutas e nos piquetes! Mas dediquem uma parte de seu tempo ao estudo, ao seu próprio aperfeiçoamento. Organizem grupos de leitura! Cursos! Palestras! Abordem os companheiros mais velhos e peçam que lhes expliquem cada palavra, cada conceito, os fatos e personagens de cada revolução, a história de sua própria classe. E se ninguém souber, que estudem todos juntos!

É preciso um compromisso: todo operário ou operária que aprenda algum novo conceito ou algum fato histórico deve repassá-lo adiante: na fábrica, no canteiro de obras e dentro do partido. Todos devem aprender com todos. É preciso que cada um abra em si e no outro o apetite pelo saber.

Aqueles que têm dificuldade com a leitura devem começar justamente por aí: por superar essa dificuldade. Se necessário, retornar à carteira escolar. Nunca será tarde.

Ao final, teremos os melhores ativistas de nossa classe transformados em socialistas sólidos como rocha, em revolucionários profissionais, em autênticos marxistas. Será uma longa caminhada. E como toda longa caminhada, começa com um primeiro passo: abrir um livro. 

Texto extraído do Jornal Opinião Socialista edição nº 487 , página 15

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Uma Carta à Juventude

Um partido revolucionário deve necessariamente basear-se na juventude. Inclusive, podemos dizer que o caráter revolucionário de um partido pode ser julgado pela sua capacidade de atrair para suas bandeiras a juventude da classe operária.

O atributo básico da juventude socialista e tenho em mente a juventude genuína e não os velhos de 20 anos reside na disposição de entregar-se total e completamente à causa da socialista. Sem sacrifícios heroicos, valor, decisão a história em geral não se move para frente. Porém o sacrifício somente não é o suficiente. É necessário ter uma clara compreensão do curso dos acontecimentos e dos métodos apropriados para a ação. Isso somente pode ser obtido por meio da teoria e da experiência vivida.

O mais contagiante entusiasmo rapidamente esfria-se ou evapora se não encontra uma clara compreensão das leis do desenvolvimento histórico. Frequentemente, observamos como os jovens entusiastas, ao dar uma cabeçada na parede convertem-se em sábios oportunistas; como ultraesquerdistas desenganados passam em curto tempo a ser burocratas conservadores, assim como pessoas fora da lei se corrigem e se convertem em excelentes policiais. Adquirir conhecimento e experiência e ao mesmo tempo não dissipar o espírito lutador, o autossacrifício revolucionário e a disposição de ir até o final, esta é a tarefa da educação e da autoeducação da juventude revolucionária

LEON TROTISKY, 1938

sábado, 4 de outubro de 2014

RESPOSTA DO PSTU AS CALÚNIAS DO CANDIDATO HOROLDO SABÓIA E COMPANHIA CONTRA NOSSO PARTIDO

Já faz alguns meses, desde que iniciou as disputas eleitorais, que militantes do PSOL do Maranhão vêm caluniando nossa organização nas redes sociais. No primeiro momento relutamos em responder por que consideramos de baixo nível e completamente alheia aos métodos que a esquerda revolucionária costuma utilizar para debater suas diferenças. Porém, nos últimos dias essas calunias se intensificaram obrigando-nos a responder.

Antes, porém, queremos pedir desculpas a todos os militantes honestos e revolucionários desse partido que não coadunam com esse tipo de prática. Por outro lado, vamos tentar não rebaixar o debate ao nível dos ataques infantis dos nossos caluniadores. 

Os ataques do PSOL são tão desonestos que não há qualquer nota assinada por sua direção ou por qualquer uma de suas correntes internas. O debate se faz com postagens irresponsáveis de militantes que entram nas redes sociais como se estivessem entrando em um baile de máscaras. Os militantes revolucionários devem, antes de tudo, dizer de onde falam, pra quem falam e porque falam. É tradição entre as organizações de esquerda gastar salivas falando a verdade de frente e com clareza e não cuspindo calunias nas costas dos adversários do mesmo campo político.

Para atacar nossa organização os caluniadores atacam o camarada Marcos Silva, candidato ao senado pelo PSTU. Dizem que Marcos Silva agride e burla a Lei Maria da Penha, que protege machista, etc. Até agora não falaram de que forma o companheiro burla a Lei Maria da Penha e nem muito menos quem é o machista protegido.
Nosso método em relação às opressões é outro. Recentemente uma jovem negra militante do nosso partido foi vitima de racismo, que é uma opressão tão grave quanto o machismo, e nós vamos tornar isso público. Vamos dizer como aconteceu, onde e o nome do agressor. No caso de Marcos Silva, se existe a pessoa prejudicada é bom que se diga quem é. 
Nosso partido tem direção, assim como a do PSOL, e nenhuma conversa foi-nos proposto ou qualquer documento formal do PSOL chegou até nossas mãos a cerca desse assunto. O método que esses companheiros escolheram se iguala aos da burguesia, que ataca os partidos de nossa classe escondendo os seus. Já que verdade não é colocada claramente, resta-nos fazer algumas conjecturas.

Quando os caluniadores dizem que protegemos machistas provavelmente estão se referindo a um militante do próprio PSOL, que conforme insinuam nas redes sociais, teria agredido sua ex-namorada que também é militante do PSOL. Esse companheiro foi convidado pelo movimento “Luta Popular” para participar de um debate. Dias depois, postagens e mais postagens de militantes do PSOL choveram nas redes sociais nos acusando de proteger machista. É cômico, senão trágico, saber que os dois são militantes do PSOL, e não do PSTU, que os nomes dos mesmos seguem preservadíssimos, que nada foi publicado sobre isso, e somos nós do PSTU que protegemos machistas. Ora, quem deve se posicionar publicamente a cerca desse acontecimento é a direção do PSOL. Se o caso ocorreu e se foi apurado, porque não puniram o agressor, por que não procuraram nossa direção para comunicar o ocorrido, onde está o documento acerca desse caso. Agora, se o PSOL não teve competência para resolver a questão interna, solicitamos que os movimentos organizados o façam, para além da justiça burguesa. Da mesma forma que exigimos publicamente que o PSOL não jogue suas crises nas costas de nossa organização, nem muito menos tente nos utilizar como sua palmatória política.

Somos um partido que assume publicamente que as opressões se reproduzem para além da sociedade burguesas, mas também no interior de nossas organizações de esquerda. Nenhum militante, por mais revolucionário que seja, está livre desse tipo de mazela que a burguesia utiliza para melhor explorar e dividir nossa classe.

 Para nós todo homem em menor ou maior grau reproduz o machismo. E é por isso mesmo que educamos nossos militantes em outra perspectiva e os sancionamos quando necessário. Porém, não aceitamos que uma questão tão cara para nossas mulheres sejam transformadas em especulação ou usadas para caluniar militantes. Esse método desqualificado e pequeno-burguês de tratar a questão das opressões é um desserviço à luta dos oprimidos. Para além de discurso, nosso partido tem se dedicado a organizar a luta dos setores oprimidos de nossa classe. Ajudamos a construir o maior encontro de Mulheres e de Negros Socialistas dos últimos 20 anos em nosso país, via CSP Conlutas. Também foi pela CSP Conlutas que construímos um encontro de LGBT com mais de quinhentos participantes. Temos clareza de que a revolução socialista brasileira passará necessariamente pelas mãos desses setores oprimidos de nossa classe.

O vale tudo das eleições burguesas por trás dos ataques do PSOL a nossa organização

A maioria das calunias descabidas contra nosso partido parte de Haroldo Sabóia, político tradicional e ciclotímico que já passou pelo PMDB, PDT, PT, PPS e agora aterrissou no PSOL. Desde que as pesquisas dos institutos ligados a grande mídia mostram Marcos Silva colocado na frente desse político, o mesmo começo a entrar em um frenético desespero e, juntamente com sua esposa, começaram a enlamear o companheiro Marcos Silva, conforme mostramos acima. Obviamente que obter mais votos do que o PSOL numa eleição burguesa é uma grande vitória para nossa organização, já que não atuamos nesse processo da mesma forma como faz o PSOL. No entanto, para nós o mais importante é sair deste processo com nosso partido mais fortalecido e com a classe trabalhadora mais consciente de sua missão histórica que é a construção da revolução. Por isso que durante as jornadas de junho insistimos em manter nossas bandeiras erguidas e nossa militância nas ruas, diferente do PSOL que capitulou a pressão da grande mídia, dos partidos burgueses e do sentimento pequeno burguês.

As eleições para nossa organização é apenas ponto de apoio para fortalecer a luta da nossa classe. Nossos parlamentares, a professora Amanda Gurgel que foi a candidata proporcionalmente mais bem votada do país, vive com salário de professora, bem com o operário Kleber Rabelo. Somos radicalmente contrários a profissionalização da política. Por isso participamos deste processo com muita tranquilidade. Mais do que eleger parlamentares, dedicamos nossas vidas a construção da revolução, mais do que discursar nos púlpitos dos parlamentos burgueses, nós queremos falar para nossa classe nas greves. Para nós, o “vale tudo” das eleições burguesas deve ser jogado no lixo da história, não colocamos nosso partido em risco em meio a essa coreografia eleitoral. Pela revolução sim, somos capazes de entregar nossas vidas.

Aqueles que destilam veneno contra nossa organização não aparecem nos espaços construídos pelos movimentos sociais para fomentar o debate entre os lutadores. Não apareceram no debate sobre opressão racial organizado pelos movimentos Quilombo Raça e Classe, Quilombo Urbano realizado na ultima quarta-feira, 29 de setembro com os candidatos da esquerda socialista. Apenas o candidato Antônio Pedrosa e o professor Joseilton estiveram presentes, e com esses tratamos das nossas diferenças de maneira direta, sincera e fraterna, olhando olho no olho. É assim que fazemos.

Mesmo onde não foi possível construir a frente de esquerda com o PSOL não deixamos nossas diferenças de lado. Onde o PSOL aceitou financiamento de empresas, se aliou ao DEM e ao PSDB e lançaram candidatos sionistas, nós denunciamos duramente, mas fizemos em nota pública do nosso partido e não jogando indireta nas redes sociais para confundir a militância de esquerda e permitir que abutres pequenos que vivem parasitando nosso partido, igualmente nos caluniem.

Marcos Silva é um militante histórico do nosso partido e da esquerda do Maranhão, muitas vezes caluniado pela oligarquia que teve que engolir cada uma das suas desgraçadas invenções. Infelizmente a história se repete desgraçadamente, agora vindo da própria esquerda, e o que é pior, em meio a uma disputa que não é campo da nossa classe, as eleições burguesas. Não vamos aceitar que uma vida dedicada a luta pelo socialismo, seja manchada com calúnias proveniente de quem faz política com os olhos grudados nas urnas. 


Por fim, comunicamos que, infelizmente, vamos acionar a justiça burguesa para que todas as calúnias feitas contra Marco Silva sejam provadas uma a uma e exigimos que a direção do PSOL se posicione publicamente a esse respeito.

Direção Regional do PSTU

terça-feira, 5 de agosto de 2014

A disputa das eleições numa perspectiva revolucionária

Mesmo depois de passados meses do impasse que inviabilizou a constituição de uma Frente de Esquerda que envolvesse PSTU e PSOL em nível nacional, este debate vez ou outra reaparece. Nas últimas semanas, ele surgiu na esteira da crise que viveu o PSOL e da troca de sua candidatura à presidência da república, com a saída do senador Randolfe Rodrigues e a entrada da ex-deputada Luciana Genro.

Luciana Genro, mais de uma vez, deu a entender que, ainda que fosse certo o PSTU não aceitar ser vice de Randolfe, não haveria razão para não aceitar ser vice na chapa encabeçada por ela. Por outro lado, alguns militantes do PSOL apontam uma pretensa incoerência pela não realização da frente em nível nacional quando ela pôde constituir-se em alguns estados.

A companheira Luciana e muitos militantes do PSOL parecem partir do pressuposto de que quando ela, representando um setor à esquerda dentro do partido, assume a candidatura à presidência deixam de existir as diferenças de programa com o PSTU. Eu respeito muito a companheira Luciana e estes militantes que raciocinam desta forma, mas tenho uma opinião muito diferente sobre essa questão e trato de esclarecê-la a seguir.

O PSTU participa das eleições não por acreditar que por esta via vamos mudar o país e garantir vida digna para os trabalhadores. Como sabemos, as eleições em nosso país são completamente controladas pelo poder econômico (através do financiamento dos partidos, das campanhas e candidaturas; através do controle da mídia, etc). Participamos delas porque consideramos importante disputar politicamente a consciência dos trabalhadores e da juventude de nosso país, apresentando uma alternativa de classe, operária e socialista para o Brasil, que seja um contraponto ao mesmo tempo aos projetos defendidos pela direita tradicional e seus candidatos, como também ao projeto de PT e seus aliados.

Nosso objetivo fundamental aí é ganhar o maior número possível de trabalhadores e jovens para a luta em defesa deste projeto operário e socialista, e avançar na construção da direção política para esta luta em nosso país. É este o conteúdo que vamos dar à disputa que faremos pelo voto (e vamos fazer uma disputa dura por cada voto) dos trabalhadores e jovens. Quanto mais votos obtivermos, mais fortalecida estará a luta por este projeto. Se elegermos parlamentares comprometidos com este projeto, melhor ainda. Mas o nosso objetivo fundamental aqui é claro: disputar a consciência dos trabalhadores e jovens para um projeto operário e socialista para o país e fortalecer a direção política desta luta.

E que projeto de classe, operário e socialista é este? Muito simples. Trata-se de um programa que seja capaz de responder às necessidades da nossa classe e da juventude brasileira; de um governo que seja capaz de aplicar este programa; e de como será possível tornar isso realidade, já que sabemos que pelas eleições não é.

O programa que o PSTU vai apresentar nas eleições parte de responder às demandas das manifestações de rua de junho passado e das centenas de greves que sacodem o país nos dias de hoje, pois expressam as necessidades fundamentais da nossa classe: salário digno, emprego e direitos para todos; saúde e educação pública e de qualidade para todos; moradia digna; transporte coletivo de qualidade e acessível a todos; reforma agrária; aposentadoria; enfim, vida digna a quem trabalha.

Para tanto, este programa precisa atacar o domínio e controle que os bancos, as grandes empresas e as multinacionais têm sobre o nosso país. Vamos defender a suspensão imediata do pagamento da dívida externa e interna, a estatização dos bancos e do sistema financeiro; o fim das privatizações e a re-estatização dos bens e empresas privatizadas (hoje, todas nas mãos de multinacionais, como o setor de telecomunicações, de energia, setor siderúrgico, mineração, aeronáutico, transporte ferroviário; estradas; portos; aeroportos, etc); anular os leilões das reservas do Pré-Sal e as privatizações feitas na área do petróleo e da Petrobrás; estatizar todo o setor de transportes; nacionalizar as terras que estão sob controle do Agronegócio e do latifúndio e colocá-las a serviço da produção de alimentos para a população; atacar os privilégios e o lucro das grandes empresas para reduzir a jornada de trabalho e ampliar os direitos dos trabalhadores, e estatizar todas as empresas que promoverem demissões; acabar com a repressão policial aos trabalhadores e jovens e com a criminalização das lutas e da pobreza, desmilitarizar a PM e assegurar o controle da polícia pela comunidade; atacar fortemente toda forma de discriminação e opressão, o machismo, o racismo e a homofobia; atender demandas democráticas históricas das mulheres como a legalização do aborto, e da juventude, como a legalização da maconha e descriminalização das drogas; livrar o país da corrupção, colocando na cadeia e confiscando os bens de corruptos e corruptores; e um longo et cetera.

Este programa, como se pode ver, tem bandeiras democráticas e econômicas importantes. Mas não se limita à defesa da radicalização da democracia, de reformas ou do desenvolvimento econômico nos marcos do capitalismo. É um programa anticapitalista, que aponta para a superação deste sistema.

Por isso mesmo, requer para a sua aplicação um governo dos trabalhadores, sem patrões, que rompa com os bancos, as multinacionais e grandes empresas e mude o país, acabando com os privilégios destes setores e assegurando vida digna para quem trabalha, apontando para a construção de uma sociedade socialista. Aqui se configura um caráter de classe para este projeto.

Obviamente, um governo assim e que promova mudanças desta natureza não vai se constituir através de eleições controladas pelos banqueiros, grandes empresários e multinacionais. Por isso, dizemos que este governo dos trabalhadores, sem patrões, só poderá se constituir e só conseguirá governar e realizar o programa acima apoiado nas organizações e nas lutas dos trabalhadores, do povo pobre e da juventude.

Este é, resumidamente, o projeto que o PSTU vai apresentar nas eleições. Nas discussões que tivemos com a direção do PSOL, os companheiros nos esclareceram que o seu partido defendia um programa que apontasse para a radicalização da democracia em que vivemos, evitando a defesa de medidas mais radicais que poderia não dialogar com o nível de consciência médio da população, pois isso dificultaria a disputa dos votos.

O PSTU, como eu disse antes, quer e vai disputar os votos dos trabalhadores e da juventude. Mas não vai deixar de defender o seu programa para isso, nem de dizer a verdade aos trabalhadores sobre o que é necessário – e como -mudar no país para que todos tenham vida digna. Precisamos e queremos ganhar os trabalhadores para a luta pela transformação deste país, e não simplesmente ganhar o voto deles a qualquer custo. E isso não é simplesmente um capricho nosso. Se os trabalhadores e a juventude brasileira não abraçarem a luta por este projeto, não haverá revolução e, sem ela, não haverá mudança de verdade no país. Simples assim.

Este debate, sobre a necessidade de rebaixar programa para ganhar votos, nós já vivemos na história recente da esquerda brasileira. Foi dentro do PT, no início da sua existência. Sabemos como terminou esta história e não queremos repeti-la.

Em 2006, quando os parlamentares que fundaram o PSOL recém haviam rompido com o PT e lançaram a candidatura da Senadora Heloisa Helena como expressão da negação da conciliação de classes representada pelo PT, e que empalmou com o sentimento de esperança por uma alternativa em setores amplos dos trabalhadores e jovens, o PSTU decidiu fazer a Frente de Esquerda e somar-se àquele processo que era importante, mesmo com todas as limitações e dificuldades para construirmos um programa em comum que já ali se vislumbrava.

Hoje, temos um quadro muito diferente. O senador Randolfe Rodrigues retirou sua candidatura à presidência para impulsionar, no Amapá, uma frente eleitoral com o PSB e o PT, num completo abandono do critério da independência de classe! Ao que consta, Randolfe é a principal expressão política da direção do PSOL e, de mais a mais, não se sabe de qualquer decisão do partido contrária ao que foi feito lá.

Entendemos que isso seja normal para o PSOL, pois, mesmo sendo parte da esquerda socialista brasileira e oposição de esquerda ao governo do PT, não se propõe a ser um partido revolucionário, portanto não adota, como sua estratégia, a revolução, ou seja, uma transformação completa da estrutura econômica, social e política do país. E compreendemos o porquê do acordo feito pela companheira Luciana com a direção do PSOL (logo após o congresso deste partido), que deu a ela a vaga de vice de Randolfe. Apesar das diferenças que existem entre eles, são parte do mesmo partido e, portanto, comungam da mesma estratégia.

No entanto, o PSTU é outro partido, tem outro projeto para o país e sua candidatura presidencial está a serviço de levar este projeto para os trabalhadores, trabalhadoras e jovens do Brasil. Para nós –e acreditamos que também para toda a militância socialista que defende, de fato, uma revolução socialista no Brasil - aproveitar a disputa eleitoral em curso para ganhar para este projeto uma parcela da nossa classe é fortalecer nossa luta por uma revolução no país. Nós acreditamos que rebaixar nosso programa, deixar de dizer com clareza para os trabalhadores as mudanças que precisamos fazer no país e como podemos fazê-las, abrir mão da independência de classe, ainda que nos leve a ganhar mais votos, vai nos distanciar cada vez mais do nosso objetivo. Essa é a diferença e, como se vê, não se trata simplesmente de quem é vice de quem. Por isso não houve Frente Eleitoral nacional.

Nos diversos estados do país, o processo se desenvolveu de forma desigual e combinada. Onde se conseguiu chegar a um termo aceitável no programa e demais condições para uma frente estadual, ela se constituiu e está sendo apresentada uma alternativa unitária às candidaturas burguesas tradicionais e também ao PT e seus aliados naquele estado. No entanto, em todo o país, com frente eleitoral ou candidatura própria nos estados, toda a militância do PSTU estará trabalhando duro para disputar a consciência dos trabalhadores e da juventude brasileira em defesa deste projeto de classe, operário e socialista para o Brasil. E é a serviço dele que estará a nossa candidatura, minha e da companheira Claudia Durans, à presidência e vice presidência da república.

As jornadas de junho do ano passado abriram uma nova situação política no país, mais favorável ao avanço da luta e da organização dos trabalhadores e da juventude. Enxergar nisto apenas o potencial eleitoral que pode favorecer a esquerda nas eleições seria de um oportunismo sem perdão. A esquerda socialista brasileira tem a obrigação de apresentar, na disputa eleitoral, uma alternativa de classe e socialista, e de lutar para ganhar para esta alternativa todos os trabalhadores e jovens que puder. Ganhar sim os seus votos, mas principalmente, ganhá-los para a luta em defesa deste projeto. Apenas desta forma vamos aproveitar de forma conseqüente as melhores condições que a realidade política nos brinda para avançarmos no sentido da nossa estratégia que é a transformação socialista do país onde vivemos.

É para dar conta deste desafio que convidamos a somar conosco toda a militância que está na luta da classe trabalhadora e da juventude brasileira.
*Zé Maria é metalúrgico, membro licenciado da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas e candidato a Presidente da República pelo PSTU

segunda-feira, 21 de julho de 2014

No Maranhão, PSTU é proporcionalmente o partido com o maior número de candidaturas femininas

Muitas coligações proporcionais sequer cumpriram a cota de gênero estabelecida pelo TSE

O PSTU acredita na organização e na força das mulheres trabalhadoras e que somente através da luta podemos conseguir vitórias e mudanças para o conjunto dos trabalhadores e da juventude. Entre a multidão que ocupou as ruas nestes últimos tempos, revoltados com a falta e a precariedade dos serviços básicos, houve a presença marcante das mulheres. E não poderia ser diferente. O trabalho mais precário é das mulheres, assim como a responsabilidade do cuidado com o espaço doméstico e a família. Segundo a ONU, a pobreza é feminina, pois 70% dos mais pobres são mulheres. Logo, são elas quem, no mínimo duas vezes por dia, se submetem ao transporte público superlotado. Além disso, recebem até 30% menos que os homens exercendo a mesma função.
Porém essa presença não se expressa nas principais organizações dos espaços da política. As mulheres hoje representam mais de 51% do eleitorado no país, mas o percentual de mulheres no Congresso Nacional não chega a 10%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dos 513 deputados federais, 45 mulheres foram eleitas nas últimas eleições gerais em 2010, o que representa 9% do total, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No Senado, das 81 vagas, apenas 10 são ocupadas por mulheres. Demonstrando que o espaço das decisões políticas é predominantemente dos homens.
Segundo dados do TSE, no Maranhão o PSTU é o partido com maior número de mulheres em candidaturas proporcionais (50%). Além disso, terá uma mulher a compor uma candidatura majoritária à presidência da república. A professora da UFMA, Claudia Durans, será candidata a vice-presidência. Apresentamos também a candidatura da professora Ana Paula Martins como vice-governadora. Ana Paula é militante do setorial de educação da CSP Conlutas e do Movimento Mulheres em Luta. Entre estas, temos outras candidaturas femininas, servidoras públicas, professoras, militantes dos movimentos sociais, movimentos feministas e racial. Temos muito orgulho de sermos o partido que proporcionalmente possui mais candidatas mulheres, porque nos organizamos diariamente para fazer com que as mulheres da classe trabalhadoras, as mulheres negras, se desenvolvam politicamente e se consolidem como grandes dirigentes políticas da nossa classe. 
O desenvolvimento da sociedade capitalista destinou às mulheres o espaço doméstico. Se estas tarefas ficaram para as mulheres, aos homens ficou a tarefa da produção social, da ocupação das tarefas políticas, públicas, das pesquisas, dos estudos. As mulheres que chegaram a espaços como estes o fizeram enfrentando muito preconceito, machismo, e ainda assim muitas delas foram apagadas pela história. Essa situação concreta das mulheres faz com que muitas mulheres trabalhadoras sejam parte ativa das lutas dos trabalhadores no Brasil e no mundo. Somos muitas que expressamos a importância das mulheres para a luta pelo socialismo, demonstrando aos trabalhadores que as mulheres fortalecem a luta, que podemos e devemos participar da vida política, nas lutas e nas eleições.
            Mesmo participando menos que os homens da vida política, as mulheres trabalhadoras vão votar, mas não decidirão os rumos do país através da eleição. Nós também vamos participar das eleições e vamos apresentar candidaturas, porém, nós utilizaremos o espaço eleitoral para apresentar um programa socialista, que aponte as saídas para os problemas das mulheres e dos homens trabalhadores e da juventude. Nós afirmamos a importância de participar ativamente da vida política, mas não basta ocupar cargos.Queremos incentivar as mulheres trabalhadoras a lutar contra a exploração e opressão e dizer que é importante votar nestas candidaturas, mas que isso somente não basta. Nossas candidaturas estão a serviço das lutas que a classe trabalhadora precisa fazer para ter atendidas as suas necessidades mais sentidas. Para nós, o desafio das mulheres trabalhadoras nas eleições é, além de votar nos partidos que sempre resistiram com suas bandeiras nas lutas, se organizar antes e depois de outubro em uma luta permanente contra a opressão e a exploração.
Por Lourdimar Silva, candidata ao cargo de deputada federal, 1610