terça-feira, 8 de novembro de 2011

Um Chamamento ao Novembro Vermelho do Maranhão: em defesa da Educação Pública e contra a criminalização da pobreza

*Por Hertz Dias

Dois importantes eventos sacudirão a cidade de São Luís nas próximas semanas: o Plebiscito em defesa da destinação de 10%do PIB para a educação pública que acontecerá no período de 06 de Novembro a 06 de Dezembro e a VI Marcha da Periferia que esse ano traz como tema “Contra a Criminalização da Pobreza” e acontecerá no período de 14 a 27 de novembro.

Esses dois eventos tratam de questões que estão intrinsecamente ligadas e possibilitarão reaproximar dois segmentos que jamais deveriam está separados, a juventude das periferias e seus educadores, os seja, os dois principais sujeitos históricos de defesa da escola pública. Exigir que a presidenta Dilma aplique 10% do PIB na educação pública significa fazer com que o Estado estenda seu “braço social” às periferias. Significa igualmente dizer que os problemas da periferia não são simples caso de polícia, aliás, nunca foram.

Infelizmente, nos últimos anos os governos têm, muito sabiamente, jogado a juventude das escolas públicas contra os movimentos dos educadores, especialmente em momentos de greves. Por outro lado, muitos educadores têm desconsiderado os movimentos culturais que emergem das entranhas do obscuro e violento cotidiano das periferias brasileiras; e o Hip Hop é um desses movimentos.

A Marcha da Periferia, que surgiu em 2006 na cidade de São Luís a partir da iniciativa de militantes do Movimento Hip Hop Organizado do Maranhão “Quilombo Urbano”, este ano estará sendo realizada também em São Paulo com a perspectiva de se transformar em um evento nacional para os próximos anos. Rio de Janeiro e Ceará já sinalizam nesse sentido. Do mesmo modo, o Plebiscito dos 10% do PIB para educação pública deve envolver o maior número possível de jovens filhos da classe trabalhadora. Esses dois eventos deverão ser construídos a quatro mãos, deve ser o reencontro do “elo perdido” da corrente dessas duas gerações cuja dependência é recíproca.

O caos da educação pública é parte do processo de criminalização da juventude negra e pobre deste país e a criminalização dos educadores deste país é a porta de entrada para a “marcha fúnebre” que querem fazer seguir a educação pública. Somente a unidade entre esses dois setores em aliança com o conjunto da classe trabalhadora pode reverter essas duas drásticas situações.

Se na educação o déficit é de aproximadamente 500 mil professores, nos presídios o superávit é de 700 mil presos. O que sobra nos presídios falta nas escolas. Só em 2008 o investimento em segurança pública (repressão contra os pobres) cresceu aproximadamente 15%, enquanto nos últimos dez anos o PIB para educação não saiu da casa dos 4%. Mas, só para o pagamento da dívida pública o governo destina 49% do PIB.

No entanto, Dilma quer postergar para 2020 a aplicação de apenas 7% do PIB. Quer condenar a educação pública a mais dez anos de caos. Nós defendemos 10% do PIB Já! e só para educação pública. Sendo assim, caminhar de mãos dadas nesse momento significa unir os diferentes que fazem parte da mesma classe, a dos que produzem, mas não usufruem das riquezas produzidas.

No dia 17 de novembro, quinta-feira, haverá um ato-show com aula pública em defesa da aplicação dos 10% do PIB para educação pública. A aula será ministrada em plena Praça Deodoro, centro de São Luís, pelo professor Miguel Malheiros do Sindicato Estadual de Profissionais da Educação do Estado do Rio de Janeiro (SEPE-RJ) e membro do Instituto Latino Americano de Estudos Sócio Econômicos (ILAESE) e pela estudante Clara Saraiva da executiva nacional da Assembléia Nacional dos Estudantes Livres (ANEL). Nesse dia, a partir das 15h, as escolas públicas de São Luís deverão ser “silenciadas” e a Praça Deodoro deverá ser transformada numa grande sala de aula em defesa da educação pública. Os alunos deverão está junto com os seus professores.

No dia 25 de novembro, sexta-feira, será a vez da IV Marcha da Periferia, o local e o horário serão os mesmos e a estratégia também. As escolas públicas deverão ser igualmente silenciadas às 15h. Desta vez os professores deverão está juntos com os seus alunos numa grande caminhada pelo centro comercial de São Luís até o Circo Cultural da Cidade onde acontecerá o 22º Festival Hip Hop-Zumbi.

Um Novembro sem igual começa a ser construído, o mais vermelho de todos. Zumbi, Negro Cosme, Magno Cruz, Maria Aragão e Maria Firmina agradecerão aos que se fizerem presentes nessas atividades.

* Professor da Rede Estadual, membro da Oposição e Militante do Quilombo Urbano

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