Aconteceu na tarde de ontem (02/04), em Niterói/RJ, um fato inconcebível envolvendo militantes que se reivindicam da esquerda socialista brasileira. Um grupo de pessoas comandadas por dirigentes de correntes internas do PSOL (Rosi Messias e Jessé Brandão pela CST/Unidos Pra Lutar; Índio e Gegê também dirigentes da Intersindical) invadiram a sede do PSTU na cidade agredindo verbalmente e ameaçando fisicamente as(os) militantes do partido que lá se encontravam. Só se retiraram do local com a chegada de mais companheiros que exigiram que deixassem o local. Não bastasse esse lamentável acontecimento, militantes do PSTU e da CSP-Conlutas agora estão recebendo ligações telefônicas com ameaças de morte e de agressão física.
O contexto em que isso se dá torna o fato ainda mais condenável. Está inscrita uma chapa de oposição para as eleições do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói, da qual participam trabalhadores metalúrgicos ligados à CSP-Conlutas e à Intersindical. Esta chapa está sob fogo cerrado da burocracia da CUT que dirige o Sindicato e das empresas, que tentam por todos os meios impedir a chapa de concorrer. Esta luta para assegurar o direito democrático dos metalúrgicos vem já há meses, com muitas manobras da burocracia cutista, pressão das empresas sobre os trabalhadores que estão na chapa da oposição e várias decisões judiciais.
A última manobra da burocracia foi impugnar alguns nomes da chapa de oposição, apesar de estes terem plenas condições legais de concorrer. Frente a esse fato estabeleceu-se uma divergência dentro da chapa e entre os apoiadores da oposição. Os companheiros da CSP-Conlutas e os militantes do PSTU consideraram que o melhor seria enfrentar, na justiça se fosse o caso, o pedido de impugnação, para garantir o direito dos trabalhadores a fazer parte da chapa. Os companheiros ligados à Intersindical e a alguns setores do PSOL consideraram que o melhor seria substituir os impugnados. Prevaleceu a decisão de não substituir os trabalhadores, e de lutar para garantir o seu direito a concorrer.
E foi a discordância com esta decisão que levou aquelas pessoas, comandadas pelos dirigentes políticos citados acima a agir como um bando de gangsters, invadindo a sede do PSTU para tentar mudar à força a posição do partido com ameaças e agressões. Note-se que estas pessoas não invadiram a sede do Sindicato para enfrentar a burocracia e exigir dela que respeite o direito dos trabalhadores escolherem livremente a diretoria da sua entidade. Invadiram a sede do nosso partido, aliados que somos na mesma chapa para enfrentar a burocracia. Uma atitude inaceitável e compreensível apenas se levarmos em conta que correntes e dirigentes que assim atuam estão profundamente contaminados com a ideologia do vale-tudo e da sua própria autoconstrução, sem guardar a mínima preocupação com o avanço das organizações de frente única da nossa classe.
Repudiamos veementemente a agressão contra a nossa sede, o desrespeito e ameaças feitas contra os(as) nossos(as) militantes por parte destas pessoas e destes dirigentes. E reafirmamos, por outro lado, que o nosso partido não se move, nem define suas opiniões por ameaças e agressões. Não reconhecemos estes métodos como aceitáveis no interior do movimento da classe trabalhadora. Seguiremos fieis à prática de tratar as diferenças existentes dentro das nossas organizações e movimentos de forma democrática, respeitando as decisões tomadas pelos trabalhadores nas instâncias das suas entidades e movimentos.
Por último, não queremos responsabilizar o conjunto do PSOL pela atitude destes dirigentes e militantes, pois não acreditamos que o partido possa respaldar tal tipo de procedimento. Mas justamente por isso é importante um imediato pronunciamento da direção estadual e nacional do PSOL, condenando o comportamento destas pessoas. Da mesma forma é importante um pronunciamento do MES, que também faz parte do acordo em torno à chapa de oposição (mas que não participou da invasão da sede do PSTU). Institucionalmente, para o PSTU, isto é muito importante.
Miguel Malheiros
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