Nas últimas semanas, a população de São Luís vem assistindo a uma crise do transporte público: paralisação do sistema de bilhetagem eletrônica, desrespeito ao direito à meia passagem dos estudantes, a falência declarada pelo Sindicato das Empresas de Transporte (SET) e greve da categoria dos rodoviários. Essa crise reflete a ineficiência de um modelo de gestão dos transportes coletivos não só em São Luís, mas em todo o Brasil, que adota uma lógica privatista e excludente à juventude e aos trabalhadores que necessitam deslocar-se aos seus postos de trabalho.
E quem tem pagado o preço dessa crise são os estudantes e trabalhadores maranhenses. Com a paralisação do sistema de bilhetagem eletrônica, que durou quase um mês, os estudantes foram obrigados a pagar a passagem inteira, ainda que apresentassem o cartão de transporte. Do mesmo modo, os trabalhadores que usam o transporte público e possuem o cartão eletrônico disponibilizado pelas empresas, tiveram que tirar do bolso a passagem de todos esses dias de pane do sistema, comprometendo um salário já reduzido.
Diante da insatisfação dos estudantes, a solução apresentada pela prefeitura foi um retrocesso: disponibilizar passe escolar, em quantidade diária fixada pelo SET (Sindicato da Empresas de Transporte). Uma verdadeira afronta ao direito à meia-passagem conseguido com muita luta na década de 70. Manifestações dos estudantes e trabalhadores em toda a cidade retomaram a ”normalidade” do transporte público em São Luís. Essa “normalidade” diariamente apresenta ônibus superlotados, frota insuficiente, a falta de planejamento da malha urbana e os constantes “engarrafamentos” nos horários de pico das principais avenidas da cidade.
Quando a poeira parecia estar baixando a categoria dos rodoviários novamente entram em greve. A pauta de reivindicações inclui reajuste salarial de 16%, aumento do valor do ticket alimentação, inclusão de mais um dependente no plano de saúde, melhores condições de trabalho e redução da carga horária. Durante toda a semana passada apenas 50% da frota de ônibus estava circulando e uma dura batalha entre os trabalhadores rodoviários, o SET e a Prefeitura começou a ser travada. Nem o ajuste de 7% concedido pela justiça, nem as multas diárias pelo descumprimento da decisão de que os ônibus voltasse a rodar, muito menos a decretação da ilegalidade da greve, impediram a paralisação total dos rodoviários, que já dura três dias.
O transporte público em nossa cidade enfrenta uma de suas piores crises e não consegue encontrar soluções para os constantes problemas que aparecem. Em várias capitais, o modelo de gestão dos transportes coletivos evidencia falta de compromisso com a população que vê seu direito à mobilidade urbana restringido por monopólios empresariais concedidos pelas administrações locais. Como resposta os trabalhadores e a juventude saíram às ruas para impedir os aumentos de tarifa, como ocorreu em Teresina e Recife.
Se por um lado a categoria reivindica melhores condições de trabalho e salário, o SET declara a impossibilidade de conceder qualquer aumento, sem o aumento da passagem, pois já passa por um iminente processo de falência. A prefeitura de São Luís, que sob a administração de João Castelo (PSDB), tem se preocupado somente em garantir os lucros dos empresários, parece assistir a tudo passivamente ou, na verdade, está temendo um ascenso generalizado da população contra o aumento de passagem, que pode exterminar os sonhos de João Castelo à reeleição.
O PSTU apoia a greve dos rodoviários e reconhece como legítima a greve da categoria, por isso exige que suas reivindicações sejam atendidas sem o aumento de passagens. A crise do transporte em nosso estado é resultado do monopólio das empresas de transporte e do descaso da prefeitura em garantir o direito básico de ir e vir da população trabalhadora, portanto, que eles paguem pela crise!
A Juventude e os trabalhadores não aceitarão um novo aumento de passagens! E se a Prefeitura continuar inerte e não pressionar as empresas a reduzir seus lucros para atender a pauta da categoria e não prejudicar a população que efetivamente precisa do serviço, João Castelo ficará marcado na história como um governo de enfrentamento com os estudantes e trabalhadores na luta por seus direitos.
A população já demonstrou sua disposição de ir às ruas, a exemplo dos recentes atos pela restituição do sistema de bilhetagem eletrônica e o PSTU esteve nessas lutas e também irá as ruas para lutar contra o aumento das passagens e em defesa do transporte público, gratuito e de qualidade, disputando a consciência dos trabalhadores para um novo modelo de transporte coletivo para a cidade, que seja verdadeiramente público e estatal, com respeito aos direitos dos trabalhadores, com a ampliação dos serviços para a população, sem a submissão dos interesses da população trabalhadora aos lucros das empresas privadas que atualmente detém o monopólio do transporte urbano.
-Todo apoio à greve dos rodoviários!
- Não ao aumento de passagem!
- Pela criação da Empresa Municipal de Transporte Público!
- Passe-livre para a juventude e trabalhadores desempregados!
Fonte: PSTU MARANHÃO
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