Aos 130 anos da morte de Karl Marx, Editora Sundermann lança o clássico "Karl Marx – A história de sua vida", de Franz Mehring
Na tarde do dia 14 de março de 1883, portanto há exatos 130 anos, sentado em sua cadeira de descanso, Karl Henrich Marx fechou os olhos pela última vez. O cérebro que havia desvendado as leis fundamentais do desenvolvimento histórico; que havia destrinchado o mecanismo de funcionamento da sociedade capitalista e seu sistema de exploração; e que havia encontrado no proletariado moderno, organizado em classe dominante, a possibilidade de superação da pré-história na qual a humanidade se encontra presa – este cérebro se apagou para sempre. O amigo Engels, que estava com ele nestes últimos dias para ajudá-lo a suportar as dores de um tumor no pulmão e outras complicações, saiu da sala por menos de dois minutos e, quando voltou, Marx já não vivia. O proletariado mundial havia perdido seu maior mestre.
Pouco mais de um ano antes, no final de 1881, morrera Jenny, sua esposa; e, antes dela, em diferentes situações, quatro dos sete filhos que tiveram. Com seus entes queridos morrendo por falta de remédios ou tratamento adequado e com sua própria saúde debilitada, o que lhe impedia de realizar um amplo trabalho intelectual e político, os últimos anos da vida do grande homem foram particularmente tristes e dolorosos.
Apesar de ter vivido em uma inquietação intelectual permanente até seu último dia, o fundamental da obra de Marx já estava feito quando ele morreu. Ele havia completado o primeiro tomo de O Capital, sua obra magistral, e deixado suficiente material para que seu amigo Engels editasse os dois tomos seguintes.
Marx havia fundado, inspirado e dirigido com mãos de ferro a Associação Internacional dos Trabalhadores (conhecida depois como I Internacional), que por sua vez cumpriu um papel decisivo durante os dias da Comuna de Paris, em 1871, quando os operários se apoderaram da cidade-luz, montaram um governo proletário, de tipo comuna, e dirigiram a capital francesa por dois meses, até serem afogados em sangue pela reação burguesa.
Anos antes, Marx já tinha sido uma figura central na Revolução de 1848, que explodiu em quase todo o continente europeu e estabeleceu uma democracia burguesa limitada na Alemanha, se tornando a partir daí um líder político reconhecido por todos os movimentos de trabalhadores da Europa.
Assim, o filósofo era também um dirigente e organizador partidário: percorria países, reunia operários, lhes explicava os segredos de sua exploração, entusiasmava jovens e movia-os consigo. O judeu de cabelos negros e grossos, de corpo robusto e movimentos lentos, tinha também um grande amigo: Friedrich Engels, com o qual colaborou por mais de 40 anos, elaborando com ele, ainda no início dos anos 1840, uma crítica demolidora de toda a filosofia alemã, predominante no meio intelectual europeu daqueles dias. Desta destruição criadora, surgiu a concepção de homem e de história que mudaria a face da Terra para sempre: o socialismo científico, a ciência da libertação humana.
Quando jovem, Marx era sentimental e apaixonado, e queria ser poeta. Seu quarto na residência estudantil da Universidade de Bonn, sujo e mal iluminado por uma lâmpada na qual quase sempre faltava o óleo, era repleto de poemas à sua amada Jenny, “a menina mais bonita de Trier”, “o tesouro da Romerstrasse”. Mas no cérebro do jovem Marx já fervilhavam os ideais de justiça e liberdade, aos quais mais tarde ele daria forma científica. “O diabo vive em seu peito”, costumava dizer seu carinhoso e preocupado pai. Em 1835, aos 17 anos, em sua redação final para o exame de ginásio, Marx escreveu: “Se escolhermos uma profissão onde possamos trabalhar pelo bem da humanidade, não nos curvaremos perante suas dificuldades porque será um sacrifício em nome de todos. Não sentiremos uma alegria limitada, egoísta e pobre. Ao contrário, nossa felicidade pertencerá a milhões. Nossos atos terão uma existência silenciosa, porém eterna, e sobre nossas cinzas os mais nobres homens derramarão lágrimas sinceras”.
Este homem viveu toda sua vida de acordo com estes princípios estabelecidos por ele mesmo ainda em sua tenra juventude. E sobre seu túmulo derramaram suas lágrimas nobres homens da ciência e da política, mas também modestos operários tecelões, marceneiros e ferreiros.
130 anos depois de sua morte, todo operário consciente deve saber que existiu tal homem e que sua vida foi dedicada total e absolutamente à luta pelo fim da exploração e da opressão; que suas ideias seguem válidas até hoje e ainda inspiram e seguirão inspirando muitas gerações de socialistas revolucionários.
A vida de Marx nos ensina que, separadas da prática, as ideias não contêm, por si só, nenhuma verdade e que nenhum sacrifício é demais quando se tem ao seu lado a razão histórica; quando a causa a que se serve é a causa do verdadeiro progresso humano; quando a luta que se trava está para além de seu lugar e seu tempo.
Aos 130 anos de sua morte, a Editora Sundermann lança Karl Marx – A história de sua vida, a clássica biografia escrita por Franz Mehring, revolucionário alemão e companheiro em armas de Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht. Nesta edição, o livro vem prefaciado pelo historiador e intelectual marxista Valério Arcary.
Além da edição do livro em si, a Editora Sundermann realizará pelo país, durante todo o mês de junho, uma série de atividades de lançamento, como debates, palestras e apresentações. A primeira apresentação pública do livro ocorrerá no II Congresso da ANEL, marcado para os dias 30 e 31 de maio e 1º e 2 de junho em Juiz de Fora (MG). A partir do dia 4 de junho, o livro estará disponível também no site da Editora Sundermann por R$ 60.
Como disse Friedrich Engels no enterro de seu grande amigo: “Ele morreu respeitado, amado e com a morte lamentada por milhões de trabalhadores revolucionários, desde as minas siberianas, pela Europa e América, até a costa da Califórnia. E eu ouso dizer com orgulho que apesar de ter tido muitos oponentes, não conheceu um único inimigo pessoal. Seu nome viverá através dos séculos, assim como sua obra.”
Esta é a homenagem da Editora Sundermann aos 130 anos da morte de Karl Marx.
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