A
burguesia tem muito medo dos operários rebeldes, corajosos e honestos. Mas ela
tem mais medo ainda dos operários que, além de tudo isso, possuem conhecimento.
Os operários que sabem são mais perigosos porque podem convencer seus colegas,
porque são seguros de si e confiam em suas próprias ideias. Um operário pode
inspirar seus companheiros através do exemplo. Mas aquele que, além do exemplo
pessoal, oferece argumentos, números e conceitos alcança muito mais.
O
eletricista desleixado sabe passar a fiação obedecendo ao esquema elétrico. Mas
só sabe isso. E nem quer saber mais. Já o eletricista dedicado sabe melhorar o
esquema original e até criar o seu próprio esquema. Ele resolve problemas,
supera obstáculos. Ele sabe que, por trás daquele amontoado de linhas, há uma
massa de conhecimentos. E ele os domina, esse é o seu orgulho. Com o
socialismo, acontece o mesmo. A luta pelo socialismo é um ofício (e dos mais
difíceis!) que exige conhecimento e preparação. Por trás de uma simples greve,
há uma infinidade de conhecimentos históricos, políticos e econômicos que
somente um profissional preparado é capaz de dominar. Mas todo operário pode
ser esse profissional. Nenhum operário tem a obrigação de dominar todos os
conhecimentos acumulados pelo socialismo científico desde o século 19 até hoje.
Da mesma forma, nenhum eletricista tem a obrigação de saber absolutamente tudo
sobre elétrica. Mas tanto o eletricista quanto o operário socialista, se
quiserem executar bem as suas tarefas, têm de se preparar, ler, estudar.
Assim,
todo operário consciente deve se esforçar para se tornar um intelectual de sua
própria classe, da classe trabalhadora. O intelectual operário não é aquele que
sabe tudo, mas aquele que luta permanentemente para aumentar sua própria
cultura e a de seus colegas. É todo aquele que aprende, ensina, pergunta e
nunca se cansa de querer saber.
O
primeiro passo
Os
operários socialistas lutam para transmitir aos outros operários uma nova visão
de mundo e de futuro. Nessa luta, o livro socialista é a primeira arma que o
operário empunha. Daí nosso chamado: Continuem nas greves, nas lutas e nos
piquetes! Mas dediquem uma parte de seu tempo ao estudo, ao seu próprio
aperfeiçoamento. Organizem grupos de leitura! Cursos! Palestras! Abordem os
companheiros mais velhos e peçam que lhes expliquem cada palavra, cada
conceito, os fatos e personagens de cada revolução, a história de sua própria
classe. E se ninguém souber, que estudem todos juntos!
É
preciso um compromisso: todo operário ou operária que aprenda algum novo
conceito ou algum fato histórico deve repassá-lo adiante: na fábrica, no
canteiro de obras e dentro do partido. Todos devem aprender com todos. É preciso
que cada um abra em si e no outro o apetite pelo saber.
Aqueles
que têm dificuldade com a leitura devem começar justamente por aí: por superar
essa dificuldade. Se necessário, retornar à carteira escolar. Nunca será tarde.
Texto extraído do Jornal Opinião
Socialista edição nº 487 , página 15
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