O dia 2 de dezembro de 2011 fica registrado na história do Maranhão como um dia das maiores conquistas obtidas pelos policiais e bombeiros na luta por direitos. Essa conquista é ainda mais representativa por ser em cima de um governo que representa uma das últimas oligarquias do Brasil, a dos Sarney, contra os coronéis que dirigem a estrutura da polícia do Estado e contra a propaganda perseguidora do meio de comunicação ligado à família Sarney, o sistema Mirante, afiliada da Rede Globo no estado.
Durante todo o movimento grevista em São Luis e Imperatriz, os trabalhadores tiveram o apoio incondicional dos movimentos populares e sindicais – apoio reconhecido pelos policiais – fundamental para trazer a população a apoiar as reivindicações dos grevistas.
No início, o governo não aceitou negociar com grevistas os dez pontos de reivindicação dos trabalhadores: anistia aos grevistas, aprovação de data-base, pagamento de horas-extras, carga horária de 44 horas semanais, promoção automática, fim do Regime Disciplinar do Exército, aumento de 20% dos salários, entre outros. Com a pressão dos trabalhadores e da população, o governo, em oito dias, cedeu. Das dez reivindicações, apenas o percentual no aumento do salário foi concedido pela metade, 10,45%. Ao final, representou uma grandiosa vitória dos trabalhadores.
Durante a greve, algo mudou na relação dos trabalhadores da polícia militar e dos bombeiros com o movimento organizado, sindical e popular. Muitos militares se viram como parte da classe trabalhadora e sentiram na pele a perseguição do Estado que criminaliza qualquer movimento que busque reivindicar direitos, seja por terra, por respeito ou por indignação contra os desmandos de corrupção.
A repressão da oligarquia Sarney acelerou esta experiência. No dia 29, enquanto estavam ocupados na Assembleia Legislativa, os grevistas divulgaram uma carta, dirigida aos quilombolas e sem-terra do estado, reconhecendo sua parcela na repressão aos conflitos no campo e pedindo desculpas. A carta (leia abaixo) afirma que “somos todos irmãos”.
Parabéns aos trabalhadores da segurança pública do Maranhão – policiais militares e bombeiros – pela vitória. E, em especial, aos policiais e bombeiros que passaram a se reconhecer como parte da classe trabalhadora. Sabemos que o aparato de repressão é formado por forças criadas para preservar a propriedade privada, para garantir a desigualdade social e o controle de uma classe sobre a outra. Como a Polícia Militar.
Assim, o exército e a polícia são herdeiros diretos dos capitães do mato, que mantinham os escravos nas senzalas. É não apenas simbólico, mas significativo que esta luta traga a reflexão dos policiais sobre a repressão aos homens e mulheres quilombolas e a unidade que surge daí. Quantos mais e mais policiais se percebam como classe, mais se recusarão a reprimir nossas lutas, nossas greves, nossas marchas. Mais se questionarão sobre os crimes do campo, a tragédia nas cadeias, a dívida com o povo negro e pobre. Mais se questionarão o que nossos soldados estão fazendo no Haiti.
Mais e mais se sentirão como trabalhadores e trabalhadoras. E perceberão que suas armas, como diz o hino da Internacional, devem ser voltadas para os seus generais.
“Paz entre nós. Guerra aos senhores”.
Durante todo o movimento grevista em São Luis e Imperatriz, os trabalhadores tiveram o apoio incondicional dos movimentos populares e sindicais – apoio reconhecido pelos policiais – fundamental para trazer a população a apoiar as reivindicações dos grevistas.
No início, o governo não aceitou negociar com grevistas os dez pontos de reivindicação dos trabalhadores: anistia aos grevistas, aprovação de data-base, pagamento de horas-extras, carga horária de 44 horas semanais, promoção automática, fim do Regime Disciplinar do Exército, aumento de 20% dos salários, entre outros. Com a pressão dos trabalhadores e da população, o governo, em oito dias, cedeu. Das dez reivindicações, apenas o percentual no aumento do salário foi concedido pela metade, 10,45%. Ao final, representou uma grandiosa vitória dos trabalhadores.
Durante a greve, algo mudou na relação dos trabalhadores da polícia militar e dos bombeiros com o movimento organizado, sindical e popular. Muitos militares se viram como parte da classe trabalhadora e sentiram na pele a perseguição do Estado que criminaliza qualquer movimento que busque reivindicar direitos, seja por terra, por respeito ou por indignação contra os desmandos de corrupção.
A repressão da oligarquia Sarney acelerou esta experiência. No dia 29, enquanto estavam ocupados na Assembleia Legislativa, os grevistas divulgaram uma carta, dirigida aos quilombolas e sem-terra do estado, reconhecendo sua parcela na repressão aos conflitos no campo e pedindo desculpas. A carta (leia abaixo) afirma que “somos todos irmãos”.
Parabéns aos trabalhadores da segurança pública do Maranhão – policiais militares e bombeiros – pela vitória. E, em especial, aos policiais e bombeiros que passaram a se reconhecer como parte da classe trabalhadora. Sabemos que o aparato de repressão é formado por forças criadas para preservar a propriedade privada, para garantir a desigualdade social e o controle de uma classe sobre a outra. Como a Polícia Militar.
Assim, o exército e a polícia são herdeiros diretos dos capitães do mato, que mantinham os escravos nas senzalas. É não apenas simbólico, mas significativo que esta luta traga a reflexão dos policiais sobre a repressão aos homens e mulheres quilombolas e a unidade que surge daí. Quantos mais e mais policiais se percebam como classe, mais se recusarão a reprimir nossas lutas, nossas greves, nossas marchas. Mais se questionarão sobre os crimes do campo, a tragédia nas cadeias, a dívida com o povo negro e pobre. Mais se questionarão o que nossos soldados estão fazendo no Haiti.
Mais e mais se sentirão como trabalhadores e trabalhadoras. E perceberão que suas armas, como diz o hino da Internacional, devem ser voltadas para os seus generais.
“Paz entre nós. Guerra aos senhores”.
Fonte: Blog Wilson Leite
Publicado em PSTU NACIONAL
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